Michael Jackson, que ficou conhecido por usar uma luva numa mão durante os seus concertos, dava grande importância à forma de se vestir em palco, possuindo um extravagante guarda-roupa de inspiração militar. Desde 2001 que não actuava ao vivo e este tinha de ser um regresso em grande. Há cerca de uma semana, os jornais davam conta que um dos fatos da sua actuação londrina estava coberto por 300.000 cristais Swarovski bordados.
No última dia da sua vida, ele estava optimista, enérgico e concentrado no concerto que preparava. O director do espectáculo, Kenny Ortega (que tem no seu currículo a coreografia de filmes como «High School Musical», «Hannah Montana» ou o clássico «Dirty Dancing») começou a trabalhar com Michael há quatro meses. O coreógrafo recorda ao «LA Times» que Michael estava muito entusiasmado com o resultado do seu investimento pessoal na produção do espectáculo, dedicando-se a pequenos pormenores da actuação. «Houve um par de vezes que ficamos lado a lado a olhar para o palco e estávamos verdadeiramente esfusiantes pelo facto de termos conseguido chegar até aqui», disse Ortega. «E ele estava feliz. Todos sentíamos isso e partilhávamos. Estávamos a quatro ou cinco dias de terminar os ensaios aqui em Los Angeles e rumar a Londres e estávamos em muito boa condição física».
Ortega confessou à publicação que desconhecia se Michael tomava Demerol ou outras drogas analgésicas. O coreógrafo negou ainda que o cantor pudesse estar extenuado e tivesse ultrapassado os seus limites físicos por exercitar-se quatro a cinco horas por dia durante seis dias por semana.
«Ele estava a dançar, exercitar, treinar, a trabalhar todos os dias com o nosso coreógrafo Travis [Payne]», disse Ortega, acrescentado que «tinha tempo para descansar ».
Na quarta-feira, Michael Jackson também recebeu no Staples Center o director-geral da promotora dos seus 50 concertos, Randy Phillips, da AEG Live. «Foi fantastico vê-lo, ele era tão bom», disse Phillips. « Estava muito confiante durante os ensaios na noite de quarta-feira. Será essa a memória que vou guardar dele para o resto da minha vida».
Ken Ehrlich, produtor dos Grammy Awards com quem Michael já tinha trabalhado meia dúzia de vezes também se deslocou ao local dos ensaios na quarta-feira. Ia discutir com o cantor um projecto televisivo. «Ele foi muito simpático e engraçado. Estava a divertir-se», disse Ehrlich ao jornal. Depois do encontro, o músico convidou-o a assistir ao ensaio. Ehrlich descreve o que viu: «Parecia magia».
E era magia também. Michael Jackson tinha contratado o mágico Ed Alonzo ¿ que também trabalhou com Britney Spears na actual digressão da cantora - para criar dois momentos de ilusionismo para os seus concertos de Londres. No primeiro número uma esfera iria flutuar à volta do cantor, deslocar-se até ao público e pousar na mão do cantor antes de imolar-se num raio de luz. Seria assim o arranque do concerto.
Alonzo recorda-se que o cantor chegou ao local dos ensaios por volta das 18h30, mas apenas começou a ensaiar mais de duas horas depois, queixando-se de laringite. De acordo com o mágico, o ensaio durou até cerca da meia-noite e Michael «estava melhor que nunca». «Se tivesse adivinhado que aquele seria o seu último ensaio teria ficado mais tempo», disse Alonzo.
Michael Jackson morreu às 14h26 de quinta-feira em Los Angeles, 22h26 em Lisboa