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sexta-feira, 5 de junho de 2009

CONVERSA NA FILA DO CINEMA





por José Armando Vannucci
“Não gosto de novelas, troco de canal quando elas começam e a televisão anda muito ruim ultimamente”. Foi com esta frase que uma senhora puxou conversa comigo enquanto aguardávamos a fila do cinema. Logo na sequência veio a pergunta clássica de como consigo assistir tanto lixo na TV. Já estava no meio da resposta quando a minha companheira de fila no cinema disse que “apesar de não assistir ‘Caminho das Índias’ gostava muito do trabalho de Christiane Torloni e que Juliana Paes foi mal escolhida para o papel”.
“Ué, como avaliar a escalação de Juliana Paes se ela não assiste TV e odeia novelas?”, pensei. A conversa continuou e ela disse que Glória Perez não retratava corretamente a Índia porque já havia viajado para o país e viu um outra realidade. Sem parar de falar, a minha companheira de fila no cinema revelou que “só sabe sobre a trama porque quando vai à casa de suas amigas é obrigada a assistir às novelas, porque – como já disse – não vê TV com frequência, apenas documentários e filmes”.
Essa minha conversa mostra que existe muito preconceito com televisão, principalmente novelas, como se a teledramaturgia fosse algo menor e somente o cinema tenha valor cultural. A minha companheira de fila está certa ao falar que a TV anda ruim ultimamente, mas absolutamente errada ao esconder que gosta de ver Maya, Raj, Bahuan e as invenções de Glória Perez. Só conseguiremos mudar a televisão se cada um assumir seu papel de telespectador crítico, afinal, como dizia minha avó, “não se coloca o lixo embaixo do tapete, porque alguém um dia vai descobrir”!