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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Caras & Bocas deixa drama e exagera na comédia


Walcyr Carrasco afirmou no início de Caras &Bocas que a novela das sete da Globo chegaria com doses de humor. O que faltou dizer foi que tanta descontração chegaria a ser "over", a partir de um certo momento.

O folhetim usa e abusa de situações bem-humoradas, deixando a desejar na consistência do texto. As cenas, sempre muito curtas e rápidas e com pitadas engraçadas aparecem a toda hora. O que dá, indiscutivelmente, ritmo acelerado ao folhetim.

Mesmo assim, só o que não "anda pra frente" é a história do casal protagonista Dafne e Gabriel, vividos por Flávia Alessandra e Malvino Salvador. É óbvio que o telespectador só verá os dois juntos no final da novela.

E, enquanto isso não acontece, Dafne vai gastando o "pouco" dinheiro que ainda tem em casamentos que nunca acontecem. Até ficar com Gabriel, a dona da Galeria de Artes terá casado com todo o elenco, caso Walcyr Carrasco goste da brincadeira "casa-não-casa". Não dá para levar fé em uma história dessas. Quem precisa realmente se juntar para assumir um negócio milionário de família, recorrerá a um cartório mais próximo e sem tantas firulas.

O famoso "déjà vu" também acontece na trama. Ingrid Guimarães, como a empresária Simone, não consegue dar ar de novidade à personagem e ainda repete os mesmos bordões que utilizava em Sob Nova Direção, como, por exemplo, o "amada", que é utilizado em todas as ocasiões. Isabelle Drummond cresceu.

Mas parece ter tirado somente o figurino e a maquiagem da boneca de pano Emília, que interpretava em Sítio do Picapau Amarelo. A petulância da mimada Bianca, vivida pela atriz, é obviamente a mesma do impagável personagem criado por Monteiro Lobato. E ainda carrega um bordão chato. Realmente, "é treva", como a intérprete diz a torto e a direito.

Do lado "da luz", está Marcos Pasquim. O intérprete do pintor Dennis tem conseguido se desvencilhar do tipo descamisado e sem conteúdo. No mesmo núcleo, David Lucas mostra boa desenvoltura ao interpretar o bem-resolvido Espeto. Miguel Rômulo consegue dar trejeitos originais ao adolescente nerd Felipe.

Com todas as características que a novela possui, exageradas ou não, fica evidente o toque de Jorginho Fernando, que tem o dom de imprimir sua marca descontraída em tudo o que faz. Em Sete Pecados acontecia o mesmo. A diferença desta vez é que todos os exageros, acabam dando certo. O resultado se vê nos 31 pontos de audiência que o folhetim tem alcançado.

Está certo que a trama de Walcyr tem mais consistência que a última Três Irmãs, de Antonio Calmon, mas ainda está dois tons acima do normal. O horário das sete é visto como leve, por atrair audiência jovem. Mas nem por isso deve exibir uma história tão rasa como um pires.